1 de dezembro de 2008

PaLaVrA, PALAVRA, palavra


Quanto poder tem a palavra?
Raiva e amor, ambas são fortes
Até a felicidade com leveza
Vem junto rimar


Com a palavra sou rei
Sou mocinho ou bandido
Nas estórias que criei
Sou quem quero ser
Cantada? É música
Sussurro? É segredo
Quando escrita, está nua

Permita-me usá-la
Prometo que vou amá-la
Palavra, palavra

28 de novembro de 2008

AMOR: resiste a tudo ....

Durante toda a sua infância não conseguia dormir direito. Mãe tem uma mãozinha alisando meu cabelo! Sua mãe ia ao quarto dele, acendia as luzes e lhe mostrava que não havia mãozinha nenhuma; após a visita de sua mãe aquela estranha forma desaparecia e somente na noite seguinte reassumiria o seu posto junto à cabeceira da cama da criança.
Conta-se que anos antes, naquela casa vivera uma senhora que recebia seus netos todos os finais de semana com biscoitinhos e chocolate quente. Dona Terezinha, uma vovozinha carinhosa, ótima mãe e esposa. Seus netos,um casal de gêmeos passaram a visitá-la com frequência após a morte de seu marido.
Terezinha se considerava feliz, afinal até no último suspiro seu marido falou que a amava. Seus filhos eram atenciosos e os netos umas gracinhas, como ela falava. Jane e Lucas esses eram os nomes de seus filhos; Matheus e Clara, os netos. Podia morrer em paz para encontrar "seu velho" além, pois havia sido uma boa jardineira no jardim da vida, cultivou lindas flores.
Um final de semana foi diferente... Viagem em família, filhos nora, genro e netos, todos rumo ao litoral. Dia de praia, sol, água salgada a banhar o corpo... Na volta uma festa dentro do carro, todos falando ao mesmo tempo e rindo das lembranças recentes do dia. Mas em direção a eles um caminhão com um motorista que dirigiu a noite inteira e se manteve de pé durante o dia sob o uso de drogas. O corpo já não aguentava mais, os olhos estavam pesados. Chegou ao limite e acabou dormindo sobre o volante e não viu que a sua frente vinha uma família inteira.
Terezinha acordou três dias depois numa UTI, o corpo todo doía e uma angústia em seu peito piorava ainda mais a situação. Como estão meus filhos, meus netos, minha nora e meu genro? As lágrimas corriam dos olhos de um corpo sem forças.
Duas semanas se passaram, ficou como sequela do acidente: no corpo, uma perna quebrada, na alma, a tristeza infinita de uma mãe sem filhos, uma avó sem netos. Sua recuperação foi lenta, mas Terezinha não queria melhorar. Morte em vida. A família que lhe restou era distante, sobrinhos, primos e uma velha irmã. Retornou à casa onde viveu dias felizes e que agora era cinza e triste. Não falava, mal comia e nunca mais saiu à rua. Os parentes mantinham, por caridade, uma enfermeira no local para tratar dela. Emagreceu muito, passava horas sentada olhando para o nada.
Um dia começou a cantar alto, parecia feliz até. Cantou, cantou e depois teve uma crise de choro e gritos de dor. Essas crises duraram meses, todos os dias cantava músicas antigas, jingles de comerciais e depois desabava como chuva após um dia de sol.
Chegou a ser internada, mas morreu poucos tempo depois e a casa foi vendida a fim de custear os gastos médicos e funerários com ela.
A casa reformada, sem o cinza da tragédia que assombrou aquela pobre idosa até o fim, agora abrigava uma família com pai, mãe e filho, todos felizes. Terezinha não descansou em paz, atormentada pela saudade, morreu tristonha. Talvez seja dela a mão que afaga o menino enquanto dorme, na tentativa de deixar fluir de si o amor contido... sem que ninguém havia para o receber.

7 de novembro de 2008

Quem você acha que é?

Quem você acha que é? O que você acha que sou? Simplesmente some, desaparece e fica dias sem lembrar que existo. Quero deixar bem claro que preciso de atenção, que lembre de mim e me pegue em suas mãos, com carinho como fazia no início de nosso relacionamento.
Mas, o tempo passou e com ele trouxe a sua indiferença, eu continuo o mesmo sempre disposto a sorrir quando algo feliz acontece e a receber seus beijos e abraços apaixonados, cheios de corações flutuando no ar.
Se briga com a sua melhor amiga, se sua mãe não lhe entende ou então quando acha que o mundo conspira contra você, em meus braços encontra abrigo, aliás, encontrava né? Porque esqueceu de mim, há dias que não a vejo.
Se sou seu confidente e amigo, prometo que não contarei a ninguém suas impressões sobre o seu primeiro beijo, mas te peço por favor... lembre de mim não me deixe cheio de poeira dentro de sua gaveta.

Com amor,
seu Querido Diário

5 de novembro de 2008

Pote de Ouro

...Vento frio, arrepio na pele e uma sensação fresca de prazer era o que sentia após o primeiro banho da manhã. Acordar com a pele em desejo e amando, era tão bom.Porém, o vento frio e o frescor se condensaram em chuva torrencial e aparece o infeliz sentimento de acordar de um sonho e saber que nada é eterno, a vida, efêmera por natureza, se encarrega de trazer e levar embora os amores, as paixões.Até mesmo o amor mais puro e casto, aquele que diante de Deus, família e amigos faz aliança com a eternidade, acaba. E os motivos? Inúmeros, separação, um novo amor que surge e até a morte. Tudo acaba ... Uns casos duram mais, outros menos; o fato é que todos acabam, como nos filmes americanos há sempre aquele desafortunado "The End", nem sempre feliz.Apesar da natureza efêmera, a vida também tem a tendência cíclica, ou seja, todo fina é o inicio de algo novo. Um caso que termina abre espaço para outro amor, outros ares.Se tudo é tão rápido e sempre acaba, o melhor é absorver somente o bom de tudo e levar consigo memórias boas, abrindo a porta, os olhos e o coração para algo novo que talvez tenha o seu "The End" somente no final... da vida. Após toda chuva torrencial há sempre um arco-íris e quem sabe até um pote de ouro.