Eu, eu mesma e Dany. Isso não é papo de auto-ajuda, não. É só uma conversa informal sobre solidão. É verdade que nem sempre estar sozinha é legal. Justiça seja feita, quem sabe mais dos seus podres do que àquele que te olha no espelho? Mais do que melhor amiga, aquela pessoa conhece seus pensamentos, e sim, julga todos eles e às vezes até te aconselha. Aquela imagem sabe da sua história, daquele errinho, daquele segredo.
Uma vez participei de uma dinâmica de grupo (na maioria das vezes não gosto deste tipo de coisa, mas dessa eu gostei), e a brincadeira era escrever num papelzinho CINCO qualidades que você mais gostava em si mesma e cinco qualidades de quem estava ao seu lado. Fiquei horrorizada com a dificuldade que as pessoas tiveram de se assumirem, mesmo que positivamente, porque na verdade quase ninguém se conhece. A maioria tem medo de sua própria companhia.
Eu estava adorando listar minhas qualidades, mas minha amiga L. não tinha passado da primeira, eu dei uma “colinha” para ela e disse coisas que eu admirava nela. Sei que não devia ter feito isso. O exercício de se olhar no espelho e “ver” realmente é muito difícil, mas é trabalho individual. Eu demorei um tempo a entender isso, e confesso ainda não sei o bastante de mim, mas já sou uma das melhores amigas que tenho. Nem sempre estou de bem, às vezes discuto, reclamo, me chateio, aí rola uma D. R. e tudo volta à tal normalidade.
Um novo tipo de família surgiu na sociedade: o EU. E esse “eu” trabalha, estuda, namora, tem uma vida, mas não dispensa a própria companhia nos fins de semana, isso tudo sem dor, sem neuras, sem paranóias, pelo menos não tantas. Muitos do que vivem sós o fazem por opção, e gostam de ocupar o sofá todinho e não dividir o controle da TV com ninguém. Isso não é egoísmo, é amor. Se amar é bom, é bom dançar sozinha, cantar e rir da própria cara de vez em quando.
Enfim, bons momentos são feitos de pessoas, mas não precisa ser um monte de pessoas, pode ser só você. A melhor e pior pessoa que passará pela sua história não é aquele amante, aquele mestre, a sua mãe, ou aquele amigo querido, todos eles são importantes, claro; mas você é quem fará a diferença na passagem deles pela sua vida. Pois é, estar sozinha com meus botões me obriga a me aceitar, a entender minha solidão, a gostar de mim e até a escrever. Isso não é ruim.
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